quinta-feira, 27 de abril de 2017

aquele que pintava o corpo 
de estações
aquele moço que andava torto
carregava as emoções
em meio aos seus pertences 
rotos, amargados em sacos
que dormia em calçadas
a pele fria, o vento forte
e o verbo fraco

aquele que andava pintado
de branco
marrom
amarelo
preto
azul
cores que tingiam a pele
e disfarçavam
a sua identidade, seu nome
seu endereço, seu retrato

quem era aquele que andava
silencioso como anda um caminhante
encerrado em seus fones de ouvidos
celulares, preocupações e sonhos
em silêncio como nós no calçadão 
ele andava, se pintava
de estações
e o nosso silêncio era normal
e o silêncio do rapaz, da loucura
suas expressões

o homem que andava e se pintava
de estações.

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