terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu, a baía, o porto e a pedra.

Olho pra baía de Vitória
Eu - sou apenas uma camisa gola pólo
Em pé, na curva do Saldanha
Mal projetada? me disseram;
Assim como sou mal projetado; descobri
Sem querer
Olho pra baía de Vitória
Os navios descansam no cais
Quero partir
Feito os navios
Mas fico como eles
Que mudam só de porto
E nunca de destino.

Deve existir algum lugar
No qual a baía de Vitória
Vaza em mil mares
E lança muitos milhares
De opções
De viagens e de partir.
A baía de Vitória à noite
É silêncio e uma luz só
Solitária
Feito os navios
Que sempre mudam de porto
Mas nunca de destino.

E
Qualquer velho marinheiro sabe
Que navio de verdade só o é verdadeiro
Nas vagas dissolutas do mar

Sou também um sorriso
Mas um dia devo o mais
Depressa: partir

Quem sabe antes
Contorne toda a cidade
Feito a baía
Contorno do Penedo
Antes de partir
Quem soube e sabe
Deve-se não menos
Falar de tudo
Daquilo tudo que fala
Mas antes
Não bem antes
De qualquer água
Deve-se
Depois de termos dado
Nomes
Só falta agora
Dar vida
Às pedras.