sábado, 12 de dezembro de 2009

escrevo se
digo se
penso se
voce vier para pertinho de mim
alguma lugar perto daqui
algo de perto pode surgir
e nem mesmo o destino
haverá de negar
com a mulher do lado
[no more poem] e disso não se precisará.


mas enquantus
tu não vens
fico aqui
a ver
as mulheres
da orla de Camburi
fico a
ver o sol
sem remédio
fugir cínico
em meio aos prédios
fico a
correr nos meus sapatos
pesar o futuro
envergado sobre os fatos
mas sem isso
por hoje só isso resta, por isso só hoje fica;
(pegar o Transcol segunda
passar a segunda ponte
suar no trampo
no solmarelo de Cariacica).

[a volta]


quando se congestiona o tráfego
quando se infarta o trânsito
e paramos no meio exato
da ponte
ai então sem os números da matemática
começo e calculo de forma errática:
da segunda ponte se via a primeira
e a terceira
e da terceira
se via a cidade inteira!


[sobre a]

da segunda ponte se vê a terceira
e sobre a terceira afirmo:
engenho humano
que nem mesmo se
Deus quisesse, se ao invés de ter falado
tivesse no Gêneses dado um grito
conseguiria ter unido
o mar ao firmamento
como fizeram os homens
com esta peça de cimento


[nem se Deus tivesse dado um grito]

mas se a terceira ponte
se elevava ao firmamento
o convento, num lugar mais alto
era o próprio infinito!

sábado, 7 de novembro de 2009

Admiro. o silêncio cemiterioso da cidade
que se desenrola inteiro no meio da noite.

O céu. os apartamentos nomes de cidades, estados
nomes de gente. silêncio nos quatro andares.

O livro lido nesse instante, tumultua de vozes
o espaço outrora povoado de matéria sonora.

E rompe (irrompe) vez ou outra, na escuridão do céu
um avião, profetizando o próprio beijar-do-chão.

O silêncio do bairro é meu mas compartilho
com toda uma multidão, ruidosanodia e natimortananoite.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Geografia rápida
detalhista impávida
aqui vos apresento
cidade próxima
da Bahia
de Sao Paulo
do Rio
e de BH
aqui eis Vitória
capital.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre o 506

Maldito seja o cinco zero meia
que passou vazio
e foi visto ao lado
refletido pela porta do mercado
do comercio da praça pio doze
passou,
onde quer que fosse

Porque tudo talvez seria mais simples
evitando toda uma onda de cafife
se todos os caminhos se curvassem
pelos destinos que vão por Maruípe.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A baia de Vitória
é uma linha d'agua
que contorna a linda
ilha
chamada
Vitória.

O porto
é um posto
onde os navios
fingem atracar
fingindo que esse mesmo porto
estivesse instalado nu, próprio mar.

A baia de Vitória
não é larga nem estreita
é apenas uma linha necessária
que faz de Vitória uma ilha
que faz a cidade
ser cercado - ser de mar
de mar é. linda é.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

eu a vi
pela janela da janela de outra janela
eu sentado no bar
ela, sentada, no carro dela
eu de cá
ela de lá
foi rápido
foi só olhar
fixei
pela lembrança de uma lembrança
da janela trespassando a visão de outra janela
eu sentado no bar
ela, partiu, no carro dela
talvez nunca mais a veja
sentada, dirigindo, olhando olhos alheios
pela janela de uma janela.

ela sumiu na curva,
eu curvei
em sinuosos olhos dela.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

nossas casas se encontram
debaixo
das estradas aéreas

corre o carro ali na rua afora
e é possivel cantar o mar
mas me responda quem puder
que mesmo sem voar
e mesmo sem levitar

é possível poetizar o ar?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

saio na entrada e entro na saída
nesta cidade
confundo vila e bairro
rua e avenida.

dou voltas em praças
em praças onde não quero
nas que desejo, saio
nas que não preciso, entro.

dava mil voltas afinal
feito o retorno de um poema
não havia mesmo fim
nos passeios do jardim da penha.

domingo, 2 de agosto de 2009

Pontes

Era necessário e é
Assim como sempre será
Passar pelas pontes
As reais e as imaginárias
Terrestres e aéreas
Várias!

Ponte entre espíritos e entre estados
Ponte entre ritmos e entre retratos
Ponte entre partidas e entre chegadas.

Cruzar os tres rios que cruzavam a estrada
Mucuri, Cricaré e Doce
Outros menores, mas aqueles os primários
Passa-los, por onde quer que fosse.

Guardá-los só onde pode o encontro
Pelo caminho que era mais amplo e humano
Rios que se uniram, no mesmo oceano.