quarta-feira, 29 de julho de 2015

a caixa postal oculta

o fantasma vem surgindo sobre o mar
cortando lento a linha ora confusa
que a noite colocava entre as águas e o céu
tudo em pausa e então se revela vertical paisagem 
confluindo em passagem luminosa flotilha - outros fantasmas
àquele flutua em companhia, ando, outros pontos
o coqueiro-me, o porto longe-me, no infinito-me a lua
prateada - quem dera - luminosa revelara-se esfera
a prata não confessada 
que os navios de minério não portava
a prata não declamada
que a lua de cobre não doirava
luminares que as visagens carregavam
aglutinavam-se em pequeno esquadro
armado em meio ao minério que pelo ar andava

também eu
andava
então,
olhava 
pensava 
se aquilo
eu notara
e nem por isso menos
pasmava
que aquilo que por hora lá estava, sumia, mas voltara
as navegações de aço armavam como se fossem distantes
e fantasmagóricas casas, o conjunto por si só plasmava
a rua de um suposto quarteirão fantasma.

sábado, 25 de julho de 2015

Aos olhos da Vitória amada

Penso nos anúncios que me aproximam
Da tua alta e distinta presença - per-feita
Perfilada em esguia silhueta magistral
Se fossem os cabelos tão encaracolados 
Feito a noite que encobre as pedras e os prédios
Os cabelos de Vitória seriam uma noite sobre
Os tais olhos que eu olharia demasiadamente 
Demorados ao me ver. Ao meu ver: 
Vitória me olha de algum lugar.

Aos olhos de Vitória fico entregue.
E é mesmo possível que o olhar se estenda ao infinito.
Que vá às vizinhanças estaduais
Rio de Janeiro
Onde o rio é mais bonito.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

um amor de pedras

você, ser descentrado
tende achar logo o tanto antes o seu centro
tal qual vitória fez daquele
o parque o moscoso o ser adentro
você, que é sem centro
que atravessa pontes
que entorta curvas
e sente as chuvas
como as pedras
são lavradas
como as pedras
sentem chuvas
e por elas, pouco a pouco
são levadas
você ser sem centro
tal qual imóvel Guaraci
contemplando entre cidades 
a eterna imóvel Jaciara

você ser que não tem mais centro
e perdeu toda a referência nessa cidade
muda o nome e imóvel quedará
sua aprendizagem do silêncio lhe dá mestria
você agora é o Mestre Álvaro
e ela, a imóvel Mochuara, talvez um pranto verteria.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

é incrível que ainda não houvesse
sido lançado um manual
desses simples e mal-feito
que a gente costuma verachar
nas bancas de jornal e JP
tinha muitas bancas-broncas-brancas-pretas-azuis-amarelas-bancas de jornal.

um manual que desse conta 
(ao menos porcamente ilustrado)
que contasse quantas ruas, quantas placas, quantas praças, quantas rotas
quantas esquinas, quantas certas ou quantas tortas avenidas mortas
que não tinham fim que não tinham contra-mão ou contra-nós a contra-mão.

um manual
que fosse em papel ou pdf
ou original ou pirata
da prefeitura ou da associação de bairros legalmente ou ilegalmente organizada
um manual que desse conta
desse bairro
que tivesse uma parte aberta
escrito "anotações" onde a gente anotaria
todas as vezes que estivéssemos perdidos
ou desencontrados - tanto faz - se fosse a perdição de endereços
ou de amores, tanto faz.